Disse um
filósofo de botequim: “Pra se considerar uma amizade, você tem que comer um
quilo de sal com a outra pessoa”. Pois veja você, em uma semana de quarentena,
tendo que cozinhar pra mim mesmo, já sou meu best friend forever.
Cozinhar é a
arte de dosar os temperos, matéria que não domino e nem conseguirei porque, por
mais que eu siga a receita, o sal vai ser sempre “a gosto” e, pelo visto, gosto
de comida salgada – bem salgada! Não é por falta de esforço. Assisto a tudo que
é programa de culinária, de MasterChef a Ana Maria Braga, e anoto mentalmente
todas as dicas, só que, na parte de salgar a comida, ninguém se arrisca muito a
explicar. O sal a gosto é como se o chef deixasse uma margem para o erro, tipo:
“A receita que você passou não deu certo.”, e ele: “Você deve ter errado na
parte do a gosto”. O que eles dizem é que tem que experimentar tudo antes e ir
corrigindo. Isso eu faço! Experimento e está sem sal, coloco uma mãozada e fica
ótimo. Quando o prato está pronto, vira um desafio pra paladar de boi. Salgado
tipo águas do mar morto.
Uma coisa
interessante na arte culinária é o fato de as dosagens serem medidas por
utensílios domésticos: colher de sopa, chá, café; xícara (ou xicra em
palmirinês); copo americano... Esse é um problema muito sério. Não tenho
colheres de todos os tipos e tenho xícaras de todos os tamanhos – qual é a
universal? O copo americano, esquece, só tenho um e, quando estou cozinhando
(tentando), ele está sempre cheio de pinga com limão, ou maria-mole, ou o que
tiver de etílico à disposição.
Espero que
até o fim da quarentena eu consiga, pelo menos uma vez, fazer alguma coisa que
dê pra comer depois. Por enquanto, fico na dieta de líquidos. Tenho feito um perfect rabo de galo de beber rezando.
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