Essa semana
estava conversando com um vizinho, um senhor que até então era um doce de
pessoa, e quando entramos no papo “que frio!” ele respondeu: “Não tenho
problemas com frio nem com o calor. Meu segredo é aceitar o tempo do jeito que Deus
manda. É a natureza...” passei a odiar aquele velhote no mesmo instante. Se a
humanidade começar a ser complacente com o clima, acabou as conversas de
elevador e daí, parceiro, para o fim da humanidade é um pulo.
O que nos une
é a insatisfação diária com o termômetro. Eu, por exemplo, reclamo do frio
porque tá frio, do calor porque tá quente e do tempo ameno pela falta de
personalidade climática. Dias felizes de primavera para mim não tem a menor
graça.
Da cacharrel
à camiseta regata, tudo de duvidoso que foi criado no ramo de vestuário vem do
nosso total incomodo com a temperatura. É como se o nosso organismo não fosse
adaptado ao clima da terra em nenhuma das situações e isso justifica qualquer
falta de senso com a moda.
Agora, me
solidarizo com o inverno em relação ao preconceito que ele sofre dos
meteorologistas, principalmente os da Globo. Essa é uma época de dias cinzas,
que são constantemente atacados por esses canalhas como “feios”. Nos
telejornais o diálogo é comum: “Hoje o dia permanece feio em todo o estado.”,
“E quando vai melhorar?”, pergunta o suposto âncora endossando a falta de
beleza do céu, “No fim de semana, o sol vai abrir um pouquinho, só aqui na
capital paulista”. Lê-se aí, pelos jurados do “Miss Dia”, que o domingo será,
tipo, um feio bonitinho. Acho um preconceito descabido com os dias nublados.
Segundo Pollyana, “todos os dias são lindos...”. Concordo e acrescento
“...embora as temperaturas sempre são desagradáveis”.
Fato é que,
gostando ou não, o inverno chegou acompanhado de seus dias bipolares: calor
seco e desconfortável ao longo do dia e friaca na madrugada. Se tá ruim para
você, para outros pode estar ainda pior, então – é sempre bom lembrar – doe um
agasalho.
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