Outro dia, reparei que tenho dificuldade em responder perguntas, qualquer tipo de questão, principalmente quando está fora do script da vida – e aqui dou como exemplo de estar no script a dúvida: “Débito ou crédito?”. A gente já está preparado, e dá tempo de ensaiar a resposta na fila da padoca, “Crédito”, “É de aproximação” e “Não precisa da minha via”.
Voltando à dificuldade em responder, quando a pergunta é feita à queima-roupa, invariavelmente começo a resposta com “sim, não, éééééé... então...”. Tá bem, todos sabemos que esse é o exato momento em que o cérebro está decidindo se responde a verdade ou inventa alguma coisa e, dependendo do tamanho do éééééé, estamos definindo qual seria a desculpa. Perguntas desagradáveis como “O que você vai fazer sábado à noite?” pedem um éééééé muito grande, já que a resposta “Qualquer coisa que não envolva sua companhia” não é muito aceitável.
Por isso tudo,
entendo por que esse pessoal que está entre 30 e 40 anos (não lembro o nome da
geração) são muito arredios a qualquer tipo de pergunta. Eles não têm paciência
para interações sociais que gerem tensão, e começar tudo com “Sim, não... éééééé”
não é a deles. É preferível fazer uma cara de aborrecido, responder com “Hunf!”
e olhar com olhos de “Não sou obrigado a responder”. Acho totalmente
compreensível. Se eu tivesse nascido na década de 1980, hoje estaria
caprichando na viradinha de olho: “Hunf, sei lá”.
Bom, era isso.
Se tiver alguma dúvida sobre o tema, é só me chamar que esclareço. Já posso até
adiantar o começo da resposta: “Sim, não... ééééééé... então...”.
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