31 de maio de 2022

DISCO DE NEWTON



Quando eu era meio pré-adolescente, meu pai comprou uma furadeira de última geração que, além de obviamente furar, também funcionava como lixadeira. Era o momento certo para eu ingressar no universo macho alpha/Ursulão e aprender a lidar com esse tipo de ferramenta. Não aconteceu. A única coisa que lembro ter feito com esse aparelho foi um disco de Newton, para provar a mim e à minha mãe entediada que sim, a soma de todas as cores da branco (até hoje não entendo como Newton chegou nessa pira).


Fato é que pagamos pelos erros do passado e, hoje, com quase cinco décadas de existência, sou uma negação no quesito furar paredes. Uma porque não tenho habilidade e outra por ter as mãos trêmulas. Qualquer furinho de 5 mm vira um rombo de 50. Malandro que sou, sempre uso broquinha para lidar com buracão (essa frase soou estranha, eu sei).

Recentemente, resolvemos colocar uma rede no meio da sala. Falei pra minha namorada: “deixa comigo!”, afinal de contas, colocar dois ganchos na parece não deve ser uma tarefa muito complexa. O saldo dessa empreitada foi uma parede similar a um queijo suíço e pó fino por absolutamente todo o apartamento. Todo! Diante de uma Carla estupefata, coube a mim botar toda a culpa na parede: “ela parece de adamantium revestida com manteiga. No começo, esfarela a parede toda, e dentro não há broca que penetre”. Pela sobrancelha esquerda arqueada e o clássico “ã-hã”, acho que a desculpa não colou.

Cabe a mim agora o vexame de assumir minha total inabilidade em reparos domésticos. Nem todos os tutoriais de YouTube resolvem (se bem que tem uns bons ensinando a fazer disco de Newton). Quanto à rede, até agora ninguém teve coragem de se deitar nela. Alguém se habilita?  


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ASSALTO DESLEIXADO (Breja de Paulista)

  - Fui assaltado ontem... - Sério? Você tá bem? - Tô bem. Levaram só o celular. - Que sacanagem, cara. - Normal, hoje em dia, roubo...